Leve

Tão bom é  sentir-se assim: leve!
Vera queria viver sem máscaras, sem meias palavras, ser simplesmente autêntica.
Ela estava cansada de ver as pessoas dizendo pequenas mentiras para resolver coisas simples do dia-a-dia: "ah, diz que eu não tô" ou "diz que já está tudo resolvido", quando na verdade, não está. Estava cansada de vê-las criando outras desculpas, mentiras, para justificar as primeiras, como se fosse uma coisa banal, sem importância.
Ela percebeu que a mentira estava tomando conta de sua vida. Uma mentirinha aqui, outra ali. O adulto diz para a criança que é feio mentir, mas em algum momento de sua vida adulta, vai usar desse subterfúgio para se "safar" de algum problema. Isto é muito comum na "injusta justiça". Injusta, porque muitas vezes o advogado, mesmo sabendo da culpa do seu cliente, cria uma defesa tão convincente, tão fundamentada na mentira, capaz de fazê-lo acreditar que é inocente.
O que precisamos, é ter consciência daquilo que não abrimos mão de jeito nenhum: nossos valores, nossa fé, nossa esperança.
"A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo, não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.” Sábias palavras do Pe. Fábio de Melo.
É difícil ser você mesmo. Tem que agradar, tem que ter uma conduta que corresponda às expectativas de um outro, e com isso acaba-se devendo um favor, em algum momento, a alguém, e mais cedo ou mais tarde, sendo lembrado (cobrado) disto, ou seja, não basta ser competente, é preciso criar um personagem, que todos gostem, para ser realmente aceito, sem indagações.
Talvez porque, inconscientemente, a palavra pessoa deriva etimologicamente da palavra latina persona, que não comporta, em seu uso primeiro, tal sentido que atribuímos, hoje em dia, à noção de pessoa. A palavra persona serviu para significar o mesmo que a palavra grega prósopon: máscara e personagem.
Vera acredita que tenha chegado a uma fase de sua vida em que se faz invisível, de se permitir não ser perfeita, de estar cheia de defeitos, de ter fraquezas, de se enganar, de fazer coisas indevidas, não ilícitas, e de não responder às expectativas dos outros, e ainda assim, gostar de si mesma, assumindo suas contradições.
Que bom não sentir um desassossego intenso provocado por correr atrás de tantos sonhos. Não que ela vá desistir deles, claro que não, precisa deles para alimentar a sua alma, apenas vai deixá-los de lado um pouco, porque agora lhe atrapalha. Assume aqui uma de suas contradições...rsrsrsrs
Que perfeito seria se as pessoas conseguissem ver e pontuar o melhor que o outro tem, de verdade, e dizer olho no olho: "você nasceu para dar certo!” Com certeza, Vera se sentiria muito mais leve e feliz!



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