Então não escrever no site em 2023 foi uma espécie de ano sabático da escrita, já que não tenho grana (ainda) para fazer um ano sabático de verdade. Se eu desisti? Lógico que não. Apenas adiei. Acho que é assim que funciona, pelo menos é assim que eu funciono: dou uma pausa, às vezes, nos meus planos, os velhos, enquanto listo os novos para o próximo ano.
Porém é preciso entender que o ano pode ser novo, mas a vida - e quando digo vida me refiro a tudo que carregamos - pode ser velha. Velhos sonhos, velhos planos, velhas bagagens, e os mesmos erros. Acreditar que o ano vira e que tudo fica para trás como num passe de mágica pode ser um tanto ingênuo. A gente estoura a champanhe, brinda, pula sete ondas, comemora, faz a nova lista de planos (eu não fiz nada disso porque o meu pequeno resolveu virar o ano no hospital - seis dias de internação), e quando acorda no outro dia está tudo lá: os projetos não realizados, as dívidas não pagas, as mágoas não curadas e os problemas não resolvidos.
Mas recomeçar talvez seja uma das minhas premissas favoritas porque sempre tem esperança nos recomeços. A gente revisa os planos e tenta reescrevê-los em detalhes, corrigindo os erros, ajustando as falhas, na tentativa de fazer certo das próximas vezes (porque provavelmente a gente precise mais de uma vez).
Só que não dá para recomeçar sem olhar com amorosidade para a vida velha, para os sonhos frustrados, para os projetos não realizados. Não dá para escrever uma nova vida sem ser gentil com o que a gente já viveu, com todas as entregas que fizemos e com tudo que recebemos.
Então para o novo ano: nada de vida nova! Eu quero a mesma, só que melhorada. Quero recomeçar os velhos planos com um novo olhar, com mais experiência, e tentar fazer melhor dessa vez. Na verdade, "a virada" pode ser qualquer dia e o "novo ano" pode começar hoje, mas a vida...a vida é sempre agora.