Filho especial (parte VII)


Se o amor pudesse ser desenhado, certamente eu desenharia meus filhos. Toda mãe tem uma missão, mas missão maior têm os filhos: a de nos ensinar a ser mãe.
Hoje, por mais que eu me esforce, não vou conseguir organizar as palavras, talvez elas se acomodem naturalmente, talvez sem lógica, apenas carregadas de muitos sentimentos.
Nunca tive medo de enfrentar a rotina com o José. Aliás, muitas vezes fui ousada, movida por um sentimento de expectativas de vê-lo progredir. Lembro-me que uma vez, enquanto eu dava papinha para ele, minha cunhada disse que se fosse seu filho, talvez ainda estivesse se alimentando por sonda. Até então não tinha me dado conta do movimento em torno disso: comidinha carinhosamente preparada, liquidificada no ponto ideal e dada com o bico! Meio vidrinho de papinha durava mais de uma hora, e só chegou aos 5 kg aos 8 meses e só conseguiu tomar 80 ml de leite aos 9 meses, e a cada situação, muito choro e grande alegria. Lembro do esboço do primeiro sorriso, de quando levou o bico na boca e de atender ao primeiro comando: "bate o pé José", dobrando a risada dentro da banheira.
Coisas tão simples, mas que não sabíamos se o nosso pequeno seria capaz de fazer.
Hoje, ao saber que o céu ganhou mais uma estrela, porque um amiguinho do José partiu para o colo do Pai, meu chão sumiu... pois sua mãe não poderá mais desfrutar de sua presença e não testemunhará seus progressos. 
Um ano e nove meses de um amor incondicional de sua mãe. Cuidados intensos, tendo que dividir seu amor e atenção com os outros dois filhos, também pequenos. Oramos a cada crise e agradecemos a cada vitória e superação, mais de 100 dias a última internação. 
E você, o que você fez nesses últimos 100 dias? Fez planos para o futuro? Reclamou de seu trabalho? Reclamou do seu salário? Queixou-se de Deus porque Ele te abandonou? Falou mal de alguém? 
Ainda que eu tenha noites difíceis e superações diárias, sou grata a Deus por ter o José ao meu lado e poder viver tudo isso... Não me incomoda seu choro de desconforto, pois é nele que busco forças para confortá-lo. São suas dificuldades e limitações que me trazem energia para ajudá-lo. É sua missão de filho, que me ensina a ser mãe. Li em algum lugar: "E na maternidade, que recebi de presente, sem merecer, aprendo todos os dias um pouco mais sobre o amor..."

Que Deus acolha mais um anjo no céu e conforte o coração de sua mãe, e nos dê a chance de nos tornarmos pessoas melhores todos os dias.

2 Comentários

  1. Texto lindo, tocou meu coração de mãe!

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  2. Lindo obrigado pelo seu carinho.... o docinho partiu mas deixou pessoas especiais aki , que foi através dele que nós conhecemos...juiz no <3

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