As mulheres de poder, no poder, na TPM e o peso do seu discurso.

Imaginem uma mulher de poder, no poder e na TPM.
Bárbara, chefe de uma grande campanha publicitária, acordou diferente, num dia, digamos, estressada e emotiva.
Ao se olhar no espelho, tudo que via, era uma mulher escabelada. No armário, nada lhe servia, estava inchada. Ao vestir sua poderosa meia preta de nylon, puxou um grande fio que ia do seu minguinho até o seu, naquela dia, espaçoso quadril. Neste momento, de seus olhos saíam faíscas, capazes de atravessar paredes, mas depois de inúmeras tentativas, encontrou o que lhe cabia.
Na mesa, deparou-se com uma xícara de café, duas torradinhas, 1/4 de mamão papaya, uma taça de suco de laranja e uma pequena fatia de queijo minas, mas na verdade, o que ela enxergava era uma xícara de chocolate quente, com uma fatia de bolo de chocolate e um generoso pedaço de chocolate ao leite. Respirou fundo, tomou seu saudável café da manhã, com sabor imaginário de chocolate.
No caminho para o trabalho tentou relaxar, e naquele trânsito louco, colocou seu cd preferido: "Broken", de Scott Sttapp. Tentava não pensar em nada, mas estava difícil, pois lembrava das roupas que não serviram, da meia que rasgou e do café que queria, mas não tomou.
Preferia viver os seus dias de prática e economista, em que seu racional fica operante.
No trabalho precisava ter uma conduta positiva, mas sabia que naquele dia tudo seria  uma grande superação.
Ao chegar, foi bombardeada: agenda lotada, reuniões intermináveis, contratos, retornos de telefonemas importantes, clientes...e a tão esperada hora do almoço.
Sabia que precisava comer um grelhado, algumas folhinhas e uma taça de água mineral com gás, mas não resistiu, e num impulso, devorou um generoso prato  de massa com molho branco e muito, muito queijo, e uma taça sim, mas não de água, mas do melhor vinho. E a sobremesa? Mousse de chocolate.
Tudo isto acalmara seus ânimos por um instante, mas um misto de prazer, raiva e arrependimento passou a invadi-la por inteiro. E antes que começasse a chorar, resolveu caminhar os dois quarteirões até o escritório.
De volta, percebia que todos falavam sem parar esperando um pouco mais dela. As mulheres de poder, no poder, devem ter um discurso que convença, que envolva e que faça todos acreditarem no que ela diz, mesmo que ela não acredite, mesmo que por dentro ela chore, mesmo que o que ela queira seja partilhar suas expectativas pessoais, mas seu momento estressada e emotiva não permitia, e pensava que o melhor era as mulheres terem folga quando estivessem na TPM. E em meio ao tumulto, olhou, sorriu, convenceu a todos dos excelentes resultados que obteriam ao final daquela jornada de trabalho, delegou funções, pegou sua bolsa, deu as costas e foi.
Caminhou na esteira por uma hora ao som de sua música preferida, tomou o melhor e mais demorado banho de sua vida, comeu o que tinha vontade, sentou confortavelmente, e só então, escreveu o seu melhor discurso...

3 Comentários

  1. CONHEÇO UMA MULHER ASSIM,desde o seu cafe da manha ate o seu melhor discurso,e a amo e a admiro!!!!TU TE SUPEROU NESSE TEXTO!!!EXCELENTE!

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  2. Por isso que fui contra a folga de 7 dias, o slogan da mulher moderna devia ser: "Ela se escabela, mas se supera". E tenho dito! Hahahaha

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