Depressão: só a panela!

Essa "coisa" chamada depressão, que antes era apenas conhecida como um "estado de espírito", passou a ser encarada, há algum tempo, como uma doença. Confesso que tenho um pouco de dificuldade para entendê-la, ainda que seja elevado o número de pessoas acometidas por esse sentimento.
Busquei comparar a depressão doença, com uma panela de pressão. Acho que é mais ou menos assim: as pessoas ficam colocando dentro da panela vários ingredientes; mágoa, dor, raiva, tristeza, frustração, decepção, expectativas não correspondidas, projetos não realizados, suspiros, choros guardados e "otras cositas mas". Depois levam a panela ao fogo. O fogo em questão é a rotina diária a que somos submetidos. Tenho a convicção de que o fogo que acende esta doença é a rotina. Somos esmagados e engolidos por ela, a ponto de deixarmos de fazer aquilo que realmente gostaríamos. Inevitavelmente, um dia, a panela explode!
Administrar a rotina, tentando temperá-la com experiências que nos agrade, é muito difícil. Eu mesma vivo um grande conflito interno. Há dias, que sair de casa me traz um grande aperto no peito. Adoraria passar mais tempo envolvida com os meus filhos. Preparar um café da manhã bem gostoso, pensar e elaborar uma refeição colorida, brincar um pouco no pátio, levá-los para a escola, buscá-los, organizar com carinho as roupas do meu marido. Mas, de repente sou atingida por uma súbita crise de realidade e volto ao meu estado normal. Penso que se eu deixasse esse sentimento tomar conta de mim, ficaria muito decepcionada, e abriria uma janelinha para ficar deprimida.
Vencer a barreira do que eu quero com o que eu preciso, exige um certo esforço psicológico emocional. Não tenho a menor pretensão de explicar a depressão, diagnosticá-la, tratá-la. Quem sou eu? Mas tento acomodar melhor as ideias e vontades reprimidas para viver intensamente e com mais qualidade a minha vida.
Lembro-me que a minha cunhada dizia que tinha medo, que ao sair do hospital eu viesse a ter depressão. Sempre respondia que com três filhos pequenos para cuidar eu não teria tempo, rsrsrsrsrsrs. E não tenho, nem quero ter.
Mas tento me colocar no lugar das pessoas que sofrem com isso, e ao tentar fazer, sofro também. Convivo com pessoas tão queridas, aquelas que até da vontade de levar para casa, que vivem superando a depressão.
Temos que estar atentos a essa doença silenciosa. Reconhecer os sinais daqueles que estão convivendo com ela. Levar uma palavra amiga, de carinho, de fé e esperança. Viver e levar a vida com bom humor, do tipo: depressão, só a panela. e para cozinhar outros ingredientes. Que tal uma bela feijoada?

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