Devoção

Como católica, também tenho meu santo de devoção. Uma vez uma amiga evangélica, me perguntou: "Como assim, acreditar em santo?As pessoas têm uma ideia bastante equivocada sobre isto, até mesmo os católicos, eu acho. 
Ter devoção por um santo, na verdade, é tê-lo como exemplo de fé, por aquilo que ele fez em  vida e que lhe permitiu chegar mais perto de Deus. Dizer que é devoto de um santo somente por achar uma imagem simpática ou bonita, não corresponde ao verdadeiro sentido de devoção. Precisamos conhecer a sua história e nos identificar com ela.
Quanto à imagem, admiramos assim como uma foto que gostamos muito, que nos traz uma lembrança boa, por exemplo. Não ficamos, nem devemos, venerá-la. Conversamos, rezamos ou oramos, dê aqui o nome que preferir, diante de uma imagem, pela nossa necessidade, tão humana, de se sentir ouvido e de poder tocar. Assim como fizemos muitas vezes diante da cruz.
Quando eu fiz 22 anos ganhei a imagem de Nossa Senhora Aparecida de minha avó materna. Nela depositávamos todas as nossas esperanças, de sermos ouvidos e atendidos. Ela era uma imagem peregrina. Minha família e meus amigos, sempre que precisavam pediam para levá-la para casa, e depois de dez anos, estava toda lascada e quebrada. Foi difícil me desfazer dela, e depois que me desfiz, em 2003, nunca mais me senti "tocada", nunca mais senti vontade de comprar uma outra imagem. 
Em 2008, meu filho mais velho, foi a uma loja de decoração com o meu marido para comprar um presente de dia das mães. Meu marido disse que lhe mostrou várias opções, mas ele quis levar uma imagem de Iemanjá, porque sabia que seu nome era Janaina: "Pai, quero levar esta santa porque ela tem o nome da mãe." Era uma imagem bem bonita. Um vestido longo, azul, em um corpo esbelto. 
Dois meses depois, ao passar pelo balcão onde ela ficava na sala, acabei deixando-a cair , quebrando sua mão. Fiquei bem chateada e com um aperto no peito. Então resolvi colar, considerando o presente que havia ganhado do meu filho. Minutos depois, ligaram-me da escola que o Victor tinha caído e batido a cabeça. Não sei explicar direito o que senti.
Em novembro, tive um sonho muito estranho. Acordei vendo um menino na porta do meu quarto, achei que era o meu filho. Levantei, fui até o corredor, e vi a porta da minha casa aberta com um senhor de camisa azul clara, calça branca e com um barco na mão. Numa ponta do barco estava Iemanjá, e na outra, Nossa Senhora Aparecida. Estava escuro, ventava e chovia. Assim que me aproximei e peguei o barco, acordei. Confesso que até hoje, lembrar desse sonho, é como revivê-lo. Foi muito "real".
Em dezembro, na virada do ano, entre abraços e comemorações, meu marido me disse: "Tua santa quebrou. As crianças chutaram a bola e ela caiu." 
Poxa vida, de novo? Peguei a santa na mão, e seu longo vestido estava partido no meio. Olhei, e percebi que havia algo dentro. Meu cunhado pegou um alicate e começou a quebrar a volta do vestido, e para minha surpresa, lá dentro, estava uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida!
Perguntei para várias pessoas: Padres, espíritas, pais de santo, benzedeiras, enfim, nunca ninguém ouviu falar de uma santa dentro da outra, até mantive a base com o nome de Iemanjá para que eu possa testemunhar essa experiência. A leitura que faço, é que ela realmente me acompanha, me guia e me protege. E como mãe, busco nela a referência de doação e de amor incondicional. Quero poder dar um "sim" tão corajoso quanto o dela. 
E para aqueles que não creem nela, e até criticam, lembrem do seu amor de mãe, uma mulher comum, que poderia ter feito outras escolhas para a sua vida, mas escolheu ser a mãe Daquele que deu a vida por nós, depois de ter lhe dado colo, carinho e amor. Que mãe teria coragem de dar o seu filho? Por isso, em minhas orações, peço que ela interceda por mim junto ao Seu Filho, afinal, um bom filho, sempre ouve sua mãe. 

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