Plumas ao vento



Vera é uma sábia mulher. Zelosa mãe de quatro filhos, já consegue filtrar muita informação e refletir com serenidade questões simples do dia-a-dia.
Em uma roda de amigas, regada de boa conversa, discutia-se o celibato. Entre uma opinião e outra, onde a maioria concordava que Padre deveria casar, Vera é objetiva: "Imaginem só: a noite, quando o casal se deita, e na cumplicidade do fim do dia comentam um fato e outro, o Padre se vê tentado a compartilhar um segredo de confissão. No outro dia, sua esposa, comenta  com sua melhor amiga tal segredo! Palavras são como plumas ao vento. E aí, cata o que tu disse?!"
Sua observação me trouxe uma profunda reflexão. Que poder tem as palavras! Poder de levantar e derrubar uma pessoa. Palavras ao vento causam um grande eco, igual àquela história do servo que sabia que o rei não tinha orelha e não aguentando guardar o segredo abriu um grande buraco no meio da floresta de bambu e gritou bem alto: o rei não tem orelha. Depois fizeram flautas dos bambus e quando sopravam saía a canção: o rei não orelha, o rei não tem orelha... e seu segredo se ecoou por toda a cidade.
É, talvez o melhor mesmo seja seguir o conselho de uma outra sábia mulher: façamos o jejum da língua!

1 Comentários

  1. Eu concordo. Palavras tem muito mais poder do que atitudes, muitas vezes. O poder de um elogio a uma pessoas que necessitava pode transformar mais do que um prato de comida doado a quem tem fome.
    Mas esse jejum proposto aí no texto, Senhor! é dos mais difíceis! ;)

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