A falsa inclusão (parte I)

Trago hoje um tema bastante polêmico, mas que há muito me angustia: a inclusão. Fico pensando no dia em que o José começar a frequentar uma escola regular, teoricamente aos 4 anos, ou seja, daqui há um ano. Será que vou encontrar um local que tenha condições de recebê-lo?
São muitas as escolas que se dizem inclusivas, afinal, é lei, e direito da criança a matrícula em qualquer escola, e elas cumprem, aceitando a criança deficiente, mas sem um projeto concreto de inclusão. 
Quero esclarecer que minhas observações não se restringem aos meus sentimentos maternos, mas aos de educadora também.
Em 2013, como professora, passei por um grande desafio, e que me abriu os olhos para toda a forma de inclusão. Foi complicado encontrar a “receita”, se é que tem, para atender alunos com necessidades especiais. Muitas tentativas, seguidas de muitas frustrações, que me levaram a essa reflexão: “A FALSA INCLUSÃO”.
Senti falta de uma anamnese com as famílias, de laudos antecipados, de um trabalho com os alunos sobre a inclusão, um trabalho prévio e contínuo para a aceitação dos alunos sindrômicos, de uma professora auxiliar e de um ambiente favorável à aprendizagem, como sala de apoio/recursos. Pode parecer um desabafo, mas não posso deixar de registrar questões tão pertinentes à inclusão e que fazem parte da nossa realidade.
O aluno especial precisa exercer o direito que toda criança tem de ir para uma escola, conviver com outras crianças e participar das atividades propostas, sem questionamentos e diferenças, e não apenas ser aceito. O Brasil tem uma das melhores proteções constitucionais das pessoas portadores de deficiência no mundo. Porém, é um dos que menos cumprem e fazem valer o que é de direito. É tudo muito contraditório. 
Talvez algumas famílias especiais não concordem muito com o que vou escrever agora, mas preciso. Falar em inclusão é algo relativamente recente. Lembro-me bem do dia que meu filho de 12 anos me perguntou o que era síndrome de down, assim que iniciaram as campanhas na mídia, há seis ou sete anos.
Quando disseram que as escolas regulares deveriam receber os alunos com necessidades especiais, os pais especiais migraram para a escola regular com uma sede de inclusão muito grande, e muitas abandonaram as escolas especiais por conta disso, o que gerou uma grande frustração para as escolas, para as crianças e para as famílias.
Assim como nós, pais especiais, não fomos previamente preparados para receber um filho especial, as escolas também não foram, e precisam de mais tempo do que nós para se adaptarem, principalmente os professores.        
As escolas especiais dispõem de recursos e profissionais capacitados para atendê-los. Como pais, nunca vamos abandonar a escola especial. Acreditamos que a escola regular possa, num primeiro momento, promover a inclusão social, e num trabalho conjunto com a escola especial e com a família, promover o aprendizado de fato. Espero não sofrer uma busca cheia de decepções, e espero que o respeito prevaleça para melhorar a qualidade de vida das famílias e das crianças especiais. Que haja uma inclusão social como um todo, desde a construção da acessibilidade, pracinhas e parques adaptados, porque a criança deficiente tem o direito de se divertir, acesso sem custos às terapias, a equipamentos de necessidade básica, até o simples ato de respeitar as vagas destinadas aos deficientes e seus condutores. E que nós pais e professores tenhamos mais condições, informações, acesso a formação e apoio, porque só amor, às vezes não basta para promover a tão sonhada inclusão!
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2 Comentários

  1. Lindo texto! Adorei! Concordo plenamente contigo Jana! Devemos lutar pela inclusão, mas com condições e apoio pra isso! Parabéns! Um beijo Fisio Lú

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  2. Obrigada Lu. Sou grata pelo trabalho que realizam! Serei incansável para proporcionar o melhor para o José, como mãe, e aos meus alunos, como educadora. Bj

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