Seja o teu padrão

Minha inspiração de hoje é a linda Eduarda Bergmann. Na verdade eu não sei muito sobre ela. Sei apenas que é uma jovem corajosa e muito talentosa. Pensando bem, talvez eu já saiba o suficiente para escrever sobre ela, e compartilhar o seu relato cheio de maturidade e sapiência. 

Eduarda é uma artista e usa as lentes de sua câmera para registrar a alma das pessoas (e sua voz para encantá-las). Sim, a alma. Porque a fotografia retrata a nossa verdadeira essência. Geralmente as fotos mais bonitas são aquelas tiradas sem que a gente perceba. 

Claro que há beleza nas fotos artísticas, sem dúvida, mas é, no mais espontâneo registro, que nossa alma é encontrada. 

No dia do fotógrafo, Eduarda fez uma postagem incrível, onde ela, sua câmera, seu quarto e seu tripé, testemunharam o encanto de sua singularidade. Seu "bocão", hoje um "padrão" de beleza, vejam que ironia, já foi alvo de piadas maldosas: boca de palhaço, muito grande. 

Eduarda levantou uma importante reflexão quanto a insegurança da maioria de suas clientes ao serem clicadas por ela, pedindo pequenos retoques em photoshop para disfarçar o tamanho da perna ou da barriga, as estrias, o nariz. 

Adorável reflexão quando ela diz que não sabemos o padrão de amanhã,  afinal, ele sempre muda, e se formos sempre mudar junto com o atual padrão, no final, a nossa essência vai embora e não sobra nada!

Vivemos a era dos filtros, escravos dos "padrões". Sabe-se lá quem determina o que "tá valendo" agora. 

Eu cresci no meio de duas irmãs lindas. No meio mesmo! Eu ouvia as pessoas dizerem o quanto a minha irmã mais velha era linda, com aquele corpo tipo violão, e a mais nova uma pintura com aqueles olhos azuis, alta e magérrima. Ah, sim, mas a Janaina é muito simpática (lê-se "a feia") e atrapalhada, distraída, "pateta".  Hoje sei quanto charme carrego nisso, afinal, a vantagem de conviver comigo, é que tu vai rir de mim ou vai rir comigo (risos). 

Eu era completamente fora dos "padrões". Briguei muito com a balança, muito mesmo. Briguei muito com os meus cachos. Ser uma adolescente crespa entre as décadas de 80 e 90 era cruel, pois não havia nada para os cabelos crespos. 

Mas um dia, revirando o baú de fotos, encontrei uma da minha adolescência e vi que o meu corpo falava. Por isso a postagem da Eduarda mexeu tanto comigo. Todo corpo tem suas particularidades, seu encantamento, sua beleza, mas também, seus desencantos e certas "dificuldades", do tipo: o vestido sobe, o botão abre, a calça não fecha. O tamanho único não é para mim (ora, tamanho único, como assim?), o tomara que caia; cai mesmo, e usar uma camisa de botões é como estourar uma champanhe, ela estoura e abre. A "conversa" entre as minhas coxas desgastam o meu jeans, e se tento correr, elas me atrapalham. 

E aí as pessoas esperam que tu não goste do teu corpo, e por muito tempo não gostei, mas passei a amar cada centímetro dele, assim como os meus cachos. Era uma foto sem os recursos que temos hoje e ela mostrava a minha alma, a minha essência. E eu estava muito feliz. 

A verdade é que quando eu li a postagem da Eduarda, eu me vi: linda, sem filtros, sem photoshop, intensa e apaixonada pela minha história, pela minha trajetória e pelo meu próprio padrão. 

Eduarda, tu disse que a fotografia te abriu os olhos sobre isso, que existe beleza em tudo, basta apenas estarmos dispostos a enxergar. Obrigada pelo teu lindo e corajoso relato, ele me fez abrir os olhos também. 

Espero em breve ser fotografada por ti! 










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