Filho especial (parte IV)

Como posso me sentir assim tão feliz? Como posso depois de noites intermináveis, levantar, e digo levantar porque para acordar é preciso dormir, cheia de vontade que o dia aconteça, pleno, repleto de sorrisos meigos, abraços fortes e palavras doces dos meus filhos?
Mesmo exausta, cansada física e mentalmente, sei que vou a cada dia ouvir intermináveis "mããããeeeesssssss". Sei que vou apaziguar alguns conflitos de disputa por brinquedos, vou preparar o lanche da escola, vou pensar o almoço e as papinhas, vou oferecer uma fruta para o Joãozinho no meio da manhã, e fazê-lo comer coisas saudáveis, acreditem, é uma grande aventura, vou auxiliar o Vi com a lição de casa, essa sim, uma aventura maior ainda, vou receber um largo sorriso do pequeno José, entre outras coisas. Ufa! Talvez isso tudo tenha para mim, o mesmo efeito de uma boa e merecida noite de sono, porque me renova, alimenta minha alma e me lança mais forte às batalhas do dia.
Percebo então, que não há outra expressão para se dar a uma pessoa com deficiência, seja qual for, que não: ESPECIAL, pois usamos esse termo quando nos referimos a pessoas tão queridas, que amamos e queremos bem, que cuidamos e que nos fazem tão bem. Pessoas que nos dão força para continuar, que nos fazem melhores ou pelo menos nos mostram o caminho para sermos. Quem são essas pessoas em nossa lista, senão, primeiro, os filhos?Assim são os nossos filhos: especiais. Assim são para mim o Victor, o João e o José. 
Ainda que eu sinta necessidade de parar um pouco, sou movida por um combustível particularmente materno: o amor. Li essa semana, que "os gritos de mãe ficam", e me permito acrescentar que até os gritos de mãe são dados com amor, rsrsrsrs.
Talvez a maior deficiência esteja em não se permitir viver a beleza e a grandeza desses momentos. 

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